Pão branco fofinho da Dona Lisete.

3 de mai. de 2013






No inverno do ano passado fiz um passeio caminhando por três dias seguindo as bordas dos cânions entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, lembram? Falei sobre isso em algum post.De dia caminhávamos e víamos coisas lindas, e a cada noite dormíamos em uma fazenda-pousada.
Era gelado de tudo, algo em torno de 6oC, e muito úmido. Mas com o movimento constante de caminhar não tinha nem como sentir frio. E que delícia que era o ar, limpíssimo.
O último lugar em que dormimos antes de voltar para casa foi a Pousada do Morro da Cruizinha.
Como as outras pousadas, era um lugar muito simples, e as pessoas que nos receberam foram extremamente acolhedoras.
De manhã antes de ir embora tomamos um café da manhã todo baseado na farinha de trigo:
tinha vários tipos de bolachinhas, bolo, cuca, e um pão que só se come no Rio Grande do Sul.
A primeira vista, não tem nada demais. É apenas um pão branco para sanduíche.
Mas é um pão branco muito macio, com um domo alto bem marronzinho, de sabor suave, e uma textura deliciosa.
Conquista a qualquer eu. Eu então, que tenho um fraco por pães, estava perdida.
Não teve jeito: pedi a receita.
O pessoal me contou que quem prepara esse pão é a Lisete, que aliás prepara vários dos outros quitutes que se encontra por ali, todos feitos no fogão/ forno à lenha.
Como fiquei sem jeito, não tirei foto nem dela nem do pão. Fiquei com a certeza de que iam achar que isso era coisa dessas meninas esquisitas que moram em cidade grande.
Mas quem quiser pode ir pessoalmente conferir, no fim do post deixo link pra empresa do guia que nos levou nesse passeio.
Quando pedi a receita, Dona Lisete fez aquela de cara de "Hum, como eu explico isso?".
Acho que pra ela preparar pão é algo como escovar os dentes, não precisa pensar - apenas se faz.
Mesmo assim ela me explicou como segue:

1kg de farinha de trigo refinada
3 colheres de sopa de açúcar
1 colher de sopa de sal
2 colheres de sopa de fermento biológico seco
Leite ou água morna
(Medida da xícara: 240ml)

Fiz um montinho com a farinha sobre a bancada, abri um buraco pequeno no centro, e coloquei dentro o açúcar, o sal e o fermento.


Aos poucos fui adicionando água, trabalhando do centro para fora, até que a massa parasse de grudar nas mãos, mas ainda estivesse firme.
Fui observando nas vezes em que preparei esse pão, e vi que costumo usar 550ml de líquido.
A partir do momento em que a massa solta das mãos, sovei por mais 10 minutos.
Eu adoraria ter visto de que jeito a Dona Lisete sova o pão, mas perdi a oportunidade.
Por isso sovei do jeito que aprendi com a minha avó, que consiste em empurrar a massa pela mesa apoiando com a base de uma mão, enquanto segura a ponta da massa com a outra. Depois a mesma mão que espichou a massa volta enrolando, você posiciona esse rolo perpendicular ao seu corpo e espicha de novo etc etc etc.
Provavelmente as fotos deixam tudo mais claro (espero).






Quando terminei de sovar, a massa estava lisa, uniforme, fofinha e firme.
Aí abri em forma de retângulo e enrolei firmemente como se fosse um rocambole, deixei crescer até dobrar de volume, já dentro de uma forma untada.
Como as formas da minha casa são pequenas, rendeu 2 filões pequenos, mas a Dona Lisete usava essa receita para fazer um pão só, grandão.
Eu costumo colocar a forma dentro de uma sacola plástica, cobrir com pano de louça, e deixar apoiada sobre uma bolsa de água quente durante mais ou menos uma hora.
Se em vez da bolsa de água quente deixar crescer ao sol, melhor ainda. (Os sortudos que tiverem acesso a fogão a lenha podem deixar o pão crescendo na beira do fogão).




Depois de crescer, assei o pão em forno pré-aquecido a 200oC (temperatura média-alta) por 40 minutos. E gosto de deixar por mais uns 3 minutos no fogo bem alto no final para que a casca do pão fique escura.
A dupla de pães da primeira foto do post, pincelei com manteiga na hora em que tirei do forno, por isso ficaram brilhantes.
As duas fotos seguintes são de um pão que assei em forno à lenha, não pincelei coisíssima nenhuma e ele ficou com essa casquinha linda, só por ter sido assado no fogo.


* Testei também uma versão que incluía farinha integral: em vez de 1kg de farinha branca usei 600g (5 xícaras) de farinha branca e 400g (2 2/3 xícaras) de farinha de trigo integral. A foto da versão integral está lá no começo do post, é o pão no prato.

E pra quem se interessou em conhecer os cânions: www.guiaaparadosdaserra.com.br

PS: você pode tomar um minutinho pra me dizer o que pensa do blog? De verdade, toma um minuto só.
Nesse link aqui. Muito obrigada, gente!

5 comentários:

Unknown disse...

Vou fazer esse pão, com certeza! Já faz um tempinho que só comemos pão caseiro...
Obrigada por mais uma receita
P.S. Vou acrescentar alguns cereais na massa e te conto o resultado!

Flora. disse...

Conta, conta! :)

Unknown disse...

Oi Flora! Estudo aqui no Orbitato e comecei a fazer os bolos e pães pros lanches das turmas... essa receita é muito, mas muito parecida com a da minha mãe, que é a que eu faço quase sempre aqui... Com a diferença de usar apenas 1 colher de sopa de fermento biológico seco. Mas o legal dessa receita é que ela raramente, mas raramente mesmo dá erradoe vc pode acrescentar vários grãos e farinhas diferentes! Adorei ver ela por aqui! Vou contar pra minha mãe! hehehehe! =D bjooo

Flora. disse...

Oba, Rebeca! Que legal saber que você está preparando os quitutes de lá.
Quando estiver em SC de novo passo pra gente conversar um pouco sobre cozinha e design.
A única vez que essa receita deu errado pra mim foi uma vez que coloquei fermento demais (em vez de medir, fui colocando os ingredientes na tigela à olho)... vou tentar com uma colher só da próxima vez que preparar.

Volte sempre! Beijo.

Unknown disse...

Oi Flora,
Ficou uma delícia... Coloquei semente de girassol, gergelim, linhaça e semente de abóbora sem casca.
Beijos

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